Mãe de Frank
Sabe aquela sua colega de trabalho? Aquela com uma vozinha esganiçada, um jeitinho, digamos, violento de gesticular e uma braveza crônica? É... A que fala alto porque diz que não escuta bem. A que briga asperamente por qualquer motivo? Defende suas idéias a finco, baseada em conteúdo sólido, sempre estrategicamente observadora e, pior, faz esforço e consegue escutar o próximo?
Pois então... Vai cutucar a onça com a vara curta, vai... Ela é o tipo de colega de trabalho que é pra ser só colega de trabalho. Dá medo, não?
Pois a Tia Carol aqui não teme. É doida. E foi lá atrás da tal menina tentar entender porque tão audazes eras... E pôs-se a descobrir que a tal bravura era tão somente um jeito de se proteger “deste mundo de mágoa, ê, ê!”. E começou a perceber que a pobre mocinha sentia-se só naquele momento. E que se sentia fraca e pequena e completamente desprotegida. Chorava no banheiro e já vomitou de tanta dor. A dor que vai de fora pra dentro no corpo e fura e rasga tudo! A dor que precisa ser doída com colinho de flor, né, Flor?
E descobriu que a vozinha é dela mesma... Mas é mais costume do que surdez. E o jeito violento de gesticular é pra fazer barulho, mesmo, chamar atenção para as mãos e desviar atenção para os olhares... E que os argumentos com base e fundamento existem justamente porque se esforça para escutar. Mas nem precisa fazer muita força, não. É boa de “escutamento”. Até gosta de escutar quando não sente que TEM QUE FALAR ou provar que fala.
E Tia Carol foi infiltrando-se naquela barreira de tijolos. Custou. Mas chegou lá. E aí que viu que o colo que ela, Carol, tinha pra oferecer, era parte grande daquilo tudo que a menininha aparentemente arrogante precisava pra deitar-se. E deitou. Chorou lágrimas de crocodilo, lágrimas pretas...
Carol percebeu. E... Tcham, tcham, tcham, tcham! (Sempre quis escrever isso, rs...):
VIROU AMIGA DELA!
E colocou o nome de Lua na moça que antes era só Aline Lacerda. E ouviu ainda muitas lamúrias, colheu muitas lágrimas e aconchegou no colo a moça pequena. Inventou que uma música era dela, só pra ela. A inclui no grupo seleto das pessoas que são obrigadas a vestir sua roupa, levou-a nos sambas da noite e do dia. Até que começou a se deixar levar também...
A Lua pegava a Girassol pela mão e dizia: “Não precisamos disso. Vamos sambar!”. E deram por ficar pau a pau. E a moça Lua, que antes chorava, sentia-se pequenininha, sofria, se sentia feia e boba, começou a brilhar e saltitar. Um dia colocou uma sandalhinha rasteira e uma bolsinha a tira colo e foi tudo o que já era e nem sabia. Ela virou a rainha da criançada, flor da lua da confraria e amiga de mais gente, como ela costuma dizer, “QUANDO ACHAVA QUE JÁ TAVA BEM DE AMIZADE”...
E hoje ela está sempre linda, sempre borbulhando luzes, leve como uma pluna, rodipiante como haveria de ser uma Lua liberta.
Liberdade! Pensamentos coloridos! Vestidos coloridos e lindos! Caras e bocas! E liberdade!!!
Hoje, Tia Carol, a Girassol, muitas vezes tem que implorar por atenção porque a menina vive no mundo da Lua, está sempre ocupada (ainda bem, semeando o bem para adiante). E Carol abençoa por um lado e sente por outro.
Abençoa porque ergueu uma Lua que faltava no céu só de estrelas. E a Lua é linda sozinha. E às vezes traz doce pra ela.
Sente... porque... é... PARECE QUE CRIOU UM MONSTRO!. Ô moça difícil! Tem tempo pra Tia Carol quase mais nunca!
Mas a verdade é que fica muito feliz porque Lua sente-se como Lua mesmo.
Outro dia falou dos dois meses que se passaram sem registro sem perceber que faz mais muito mais tempo que isso que ela foi aos céus. E que o registro deu-se maior do que ela pensava... Deu-se bem antes. Desde quando se ouve neste vai e vem a menção “Precisa de uma amiga, né?”. E samba vai-se a rolar solto pelas tantas da manhã, no samba ou no forró de itaúnas. Na rua, no boteco, na casa, na piscina ou em outro canto qualquer.
Porque de qualquer lugar agora pode-se ver a LUA brilhando majestosamente.
E Tia Carol só agradece.
13 de Novembro de 2008
16:23 h
"EU PEÇO A DEUS PRA SER FELIZ E O BENDITO EXAGERA!"
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