quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobre o Amor

Ferreira Gullar


Houve uma época em que eu pensava que as pessoas deviam ter um gatilho na garganta: quando pronunciasse — eu te amo —, mentindo, o gatilho disparava e elas explodiam. Era uma defesa intolerante contra os levianos e que refletia sem dúvida uma enorme insegurança de seu inventor. Insegurança e inexperiência. Com o passar dos anos a idéia foi abandonada, a vida revelou-me sua complexidade, suas nuanças. Aprendi que não é tão fácil dizer eu te amo sem pelo menos achar que ama e, quando a pessoa mente, a outra percebe, e se não percebe é porque não quer perceber, isto é: quer acreditar na mentira. Claro, tem gente que quer ouvir essa expressão mesmo sabendo que é mentira. O mentiroso, nesses casos, não merece punição alguma.

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Um comentário:

Fernanda disse...

Ah, o eu te amo... tao facil e doce, mas ao mesmo tempo tao dificil, porque nos expoe, nos coloca fragil e à merce do objeto amado...
Me lembrei da musica da marina: "eu te amo vc, nao precisa dizer o mesmo nao...eu te amo vc ja nao da pra esconder essa paixao!"