quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma carta de amor de uma mãe para um filho

Vou começar assim: Quero um chá de morcego! Quero chamego... Bico, Ií... Colo. Mamãe!

Quando você nasceu, meu filho, isso era tudo o que queria. Bastava ficar quentinho, alimentado e seguro. Chorava tão pouco que sua bisavó chegou a achar que você era surdo. Na verdade era um anjinho!
Você era um menino com cara de lua, bochecha rosada e risada gostosa. Olhinhos meio puxadinhos de lado, boca contornada como se tivesse sido pintada numa tela. Pezinhos gorduchos que sentiam cosquinha. Cheirinho de filho. Menino de coração bom, carinhoso, inteligente, inventor, criativo, teimoso, persistente e surpreendente.

Aprendeu a andar muito cedo. Aprendeu bem aqui, nesta casa, sob o olhar sereno da velhinha que hoje lhe estende as mãos para atravessar a sala.

Você, meu tuquinho de gente!, era uma coisa pequena que eu chamava de... chamava de “coisa” mesmo. É porque você é uma coisa, um filhote, meu menino, minha razão. Uma COISA!

Meu pequeno nunca parou de crescer. Nem mesmo quando eu tentei te convencer que tinha tomado a pílula do Peter Pan. Aliás, quantas aventuras, não? Eu seria bruxa e você iria para Howrgroad, iria para a OSS virar pequeno espião... Já vimos fadinhas coloridas, Papai Noel e até compramos O COELHINHO DA PÁSCOA! Rá. Compramos LEBRE por COELHO NINJA... Já brincamos de cavalinho, de Lego, de caverna, de cientista, de pesquisadores... Já acampamos no mato e já acampamos na praia... na chuva. E, falando em chuva, já corremos debaixo da chuva ao som de “corre, mãe!”, “pula, mãe”, “planta bananeira, mãe!”. Já brincamos, já cantamos, já brigamos... Já choramos e pedimos desculpas. Catamos conchinhas, pescamos, fizemos comidinha de mentira e comida de verdade. Já andamos muito de mãos dadas sem direção... Já nos abraçamos, cheiramos, beijamos. Sempre nos tivemos bem, nos queremos bem. Se isso é sorte, eu não sei. Mas a certeza que tenho é que o que temos hoje é fruto de cada escolha que fizemos todos os dias. Boas e ruins, sempre escolhas.

Meu filhote... É muito bom olhar pro passado. É um orgulho imenso ver que conseguimos ser felizes, que vivemos a vida até então com intensidade, peraltas da liberdade como os artistas circenses. Crianças com olhar de magia de quem assiste a um show onde se tiram passarinhos do bolso. É com muito orgulho que lhe apresento MEU FILHO pra quem quer que seja. É gostoso vê-lo debulhar as cordas de um violão, de uma guitarra. Me faz bem vê-lo produzindo experiências científicas das mais loucas possíveis. Te ver arrumando, fazendo e desfazendo, ao seu modo, coisas da tecnologia. Te ver pintando uma tela, fazendo arte com “coisas de fazer arte”, vê-lo aprendendo, cedendo, tolerando...


É como se eu não pudesse existir sem você. Porque você, rapazinho, é a pessoa mais importante da minha vida, a coisinha mais preciosa, o mais extraordinário, a melhor coisa que eu tenho, meu chuchu, minha vida! Além de meu filho, é um neto, um bisneto, um sobrinho neto, um neto postiço, um primo, um amigo, um camarada, uma pessoa completa que saiu bem de dentro de mim. É parto do meu útero de mãe e feitio do meu coração.

Te amo mais do que existem palavras em todas as línguas. É enorme, é crescente, é lindo, é eterno. É incondicional.

Feliz aniversário, feliz ano novo de vida!

Então vem cá agora e me dá um abraço apertado, um beijo chocante e, pra variar, um chazinho de morcego acompanhado de chamego!
Mãe
17/06/2010

Um comentário:

ONG ALERTA disse...

Uma mulher recebe seu maior presente quando se torna mãe, paz.
Beijo Lisette