segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cores em P&B



Dia cinza, imaginação estéril, coração gelado. Na página branca tento rabiscar letras sem sentido. Pessoas me vigiam. Querem resolver seus problemas com a minha ajuda, mas não me ajudam quando preciso resolver os meus. Por isso não vou parar. Vou continuar a preencher a página até que ela finde. Depois, e só depois, eu vou lá ver o que eles querem de mim.

O arco-íris que pintava o céu quando eu era criança, sumiu. Nunca mais apareceu. Em dias cinzentos, como hoje, ele aparece em minhas lembranças sem que eu queira. Isso me faz querer chorar e voltar no tempo. E brincar. Tenho fome de coisas coloridas: balas, sorvete, melancia... amor.

Me sinto estranha agora. Vontade de correr de mim mesma. Nem o samba foi capaz de me colorir! Se o samba foi recusado, o que mais posso pensar além de sentir-me recusada também? Será que sou tão preta-e-branca assim?

“Ele vai viver sozinho” é o que canta Maria Rita sobre o Cara Valente. Começo a achar que será o contrário, ou, talvez seja igual para ambas as partes. Enfim, a parte de lá não me interessa, mas a parte de cá parece que vai mesmo viver sozinha. Sozinha e acompanhada por meus sonhos, fantasias, medos, fantasmas, paredes e cores pálidas. Sozinha de amor, de cobertor, de filme, de suspiro, de banho-junto, de endorfina.

Quero um lápis-de-cor para colorir o mapa das nuvens e quero, depois, fazer um vídeo sobre esta brincadeira que não é de criança. Um vídeo em p&b com personagens coloridos.

Aline Lua
10/11/08 – 15:50.

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